O internauta colabora

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terça-feira, 7 de abril de 2020

São Vicente do Sul - Diminuem os casos sob monitoramento

Cai para 39 o número de casos sob monitoramento

   Segundo o boletim emitido ontem, segunda, às 21:30, dos 57 monitorados,  18 completaram 14 dias da quarentena, havendo apresentado melhora ampla e não apresentaram mais sintomas gripais. Por isso não necessitam mais de acompanhamento. 
   Ainda não saiu o resultado dos dois exames enviados ao LACEN. 
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Tempo

   Baixam as temperaturas no RS.

    Nove graus na Palma - SVS. Lamentavelmente esse cenário favorece o vírus. À tarde podemos chegar aos 21 graus.
   A mínima no Estado foi em Quaraí, 5º.
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Opinião

   Assim, sem mais, somos surpreendidos com a tentativa de demissão do Mandetta, ministro da Saúde. Que tem angu nesse caroço, ah, isso tem. Ou seria caroço no angu? Bem, a confusão é igual à do governo, nessa crise.
    Declaro pela enésima vez que não sou Bolsonarista, mesmo que não tenha votado no Haddad, por achar que nenhum dos dois satisfazia às minhas expectativas. Dá para concluir que tenho uma certa isenção.
   E por achar-me isento, posso dar minha opinião sem fanatismo a favor  desse ou daquele lado.
   Cresci ouvindo um ditado que afirma: "Não se troca de burro no meio do banhado." 
    Pois se aplica direitinho ao banhado brabo que estamos atravessando. Ficar mudando de ministro da saúde bem no meio da travessia da crise me parece uma atitude muito perigosa. E, mesmo não sendo fã do atual governo federal, torço para que dê certo, pois se o Bolsonaro for mal, vamos todos mal. 
   O que deixou todos os brasileiros surpresos,  foi o fato de que a tentativa de demissão visava um ministro que parecia estar conduzindo bem o barco, considerando a gravidade da crise. 
   Mandetta parece um homem ponderado, é da área da Saúde e conduzia a crise com uma certa serenidade, passando uma expectativa esperançosa e confiante aos brasileiros. 
    Apenas um detalhe, a meu ver, não está sendo bem avaliado pelo ministro: a questão do confinamento. Se persistir, assim como está, a crise, a cada dia que passa agravar-se-á geometricamente. A cada dia em que um autônomo fica sem ter o que levar para casa, um lojista continua com seu comércio fechado, um industrialista prossegue com sua linha de produção parada, abrimos um rombo na estrutura que sustenta a economia. E uma hora a estrutura desaba.
   E essa atitude do ministro entra em choque com a visão do presidente. Esse quer a retomada das atividades econômicas. 
   Os dois têm razão. Será que não há como conseguir o meio termo?
   Está difícil essa negociação porque a grande mídia,em especial a Globo, quer aproveitar esse momento trágico para a coletividade na busca, a qualquer preço, da derrubada do presidente. 
   Claro, ele já disse que só renovará a concessão da Globo em 2021, se esta pagar a enorme conta que tem para com o fisco e o INSS. 
   Como a Globo não tem condições ou não quer pagar, fácil concluir porque quer tanto a derrubada do impetuoso presidente.
   E dê-lhe fazer campanha pelo isolamento total, se possível, com toda a economia parada. Claro que se tudo correr como o planejado, logo, logo, teremos o vírus Corona atacando de um lado e um vírus muito mais perigoso, o da fome, do desemprego, atacando por outro. Como dizia minha avó: "Estômago vazio é mau conselheiro." Aí, sim, teremos o verdadeiro caos. Com ele instalado, nada melhor para quem quer derrotar o inimigo presidente. 
   Chega a dar ânsias de vômito ver a que ponto desce o ser humano. Para garantir o seu monopólio a Globo e seus aliados não hesitam e lançar na miséria milhões de brasileiros. Para eles, quanto pior, melhor. 
   Por que não pediu o isolamento no Carnaval, o maior disseminador do vírus?  Seria por que a Globo tem a exclusividade de transmissão dos desfiles no Rio? 
   Essa propagação que agora se vê é o resultado dos beijos, amassos, etc.e tal que milhares de turistas contaminados esparramaram pelo Brasil. Façam as contas: o contaminado no Carnaval pode transmitir durante 14 dias. Digamos que haja transmitido para duas ou três pessoas após sete dias, essas três transmitiram para outras três em sete dias. E assim por diante. Fecha ou não fecha com esse número que temos agora?
   Essas duas ou três semanas de isolamento já deram uma desacelerada na tal curva de contaminação, e, parece já começaram a aparecer os resultados. Os casos não continuam surgindo na mesma aceleração. Em alguns locais, temos até diminuição de novas notificações. 
   Não esqueçamos o que os cientistas falam: o vírus não desaparece de uma hora para outra: é necessário que, no mínimo, a metade da população tenha entrado em contato com ele, para arrefecer o surgimento definitivo de novos casos. Estando a grande maioria contaminada ou com as defesas adquiridas, é lógico que um infectado não poderá transmitir a doença a todos com quem mantenha contato, apenas à metade. Simples assim. 
   Mas não podemos ficar tanto tempo em quarentena absoluta. 
   É hora de buscar o meio-termo.
   Acho que nem Bolsonaro está 100% certo, nem o Mandetta.
   Ah, e essa campanha sórdida de alguns governadores contra a administração central?
    Principalmente do nosso governador. O mesmo que dizia que iria pôr os salários do funcionalismo em dia. O mesmo que continua não pagando a dívida com a União. O que nos manda ficar em casa, mas exige o pagamento do IPVA em dia. E agora quer que a União venha socorrê-lo. Faz tudo contra e quer apoio. 
   Temos uma orquestração muito bem feita para desestabilizar o Governo Federal, visando ou sua derrubada de imediato, ou aplainar o terreno para as próximas eleições. Por falar nisso, ouviram alguém pedindo o adiamento delas e aplicação do fundo partidário no combate à pandemia? Eu tenho certeza de que não há como realizá-las. Ou o vírus não ataca que for às urnas?
   É triste e doloroso. Ver o tipo de politicalha que estão fazendo, explorando a desgraça do povo mais humilde. 
   Ah, ia esquecendo: dizem que a revolta do Bolsonaro com o Mandetta não é só por discordâncias de ponto de vista. Correm boatos de que o Ministro autorizou uma campanha publicitária de mais de um bilhão de reais. Dinheiro que vai fortalecer os cofres de quem? Que faz ou não faz falta para adquirir materiais de proteção, contratar pessoal, etc.? 
   Se isto for verdade, todos os que achávamos o Ministro da Saúde um excelente condutor da crise, estamos no mato sem cachorro.
   E, mais, os que não podem ganhar o sustento, estão no mato, sem cachorro, com os pés enterrados no barros, o pescoço enrolado por um cipó espinhento e ouvindo os urros da onça que se aproxima.
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Para Descontrair

Deoclécio em Tempos de Corona


                 Capítulo II

         O Preparo para a Lida

   O taura tira o palheiro de bom fumo do Sobradinho da boca, dá uma cuspida pro lado de montar, olha pro Ventania,  cusco parceiro de bastante tempo e resmunga:

- Que bosta, tchê! Essas rádia passa o dia inteiro só parlando nesse tal de viro. Que tá matando, que não tá, que vai matá, essas cosa. E dizem pra gente fica nos rancho. 
   Ara veja: Que tal nóis aqui, eu plantado num cepo e tu deitado aí, o dia todo. Um coçando os bago e outro as pulga ... E quem vai olhá os bicho? Recorrê os campo? Arrepará as cerca e ansim por diante? Se paremo, os bicho dão de adoecê, arrebentá aramado, se mandá a la cria. De vereda temo sem tê carne para vendê e inté pro nosso assado aqui na estância.
   O Ventania respondeu olhando pro dono, pensando: “Ih, se já deu em resmungar, de vereda, vamos sair pro campo.  É só o tempo de eu coçar duas ou três pulgas.”
   Tal e qual.
   - Ventania, que tal a gente i buscá a “Xuxa”, prá encilhá?
   Deoclécio levantou-se do cepo de três pernas, espreguiçou-se, escorou a cuia no pai-de-fogo, quase junto da cambona e foi a passos decididos no rumo do piquete buscar a égua, para iniciarem mais um dia de lida.
   Assim que saiu do galpão o Ventania largou um peido que fedeu uma barbaridade, arisco que estava de peidar perto do fogo. Deoclécio já lhe aplicara uma surra das brabas, quando imundiciara o galpão com uma fedentina de carniça mui forte.
   Não caminharam muito e já encontraram a “Xuxa”, num passo acelerado, rumo da estrebaria. Sabia a hora exata de comer o seu milho, enquanto o dono botava aquele mundo de cosa no seu lombo.
   E o índio pensando:
   “Cada uma que se vê ... Onde já se viu parar com de um tudo, todo o mundo arranchado, sem poder ir para a lida? E quem vai trazer a boia pro piazedo no fim do dia? E, então, esses coitados que trabalham só de changa? Se já estava mal parado o causo, que dirá daqui por diante. Aqui na campanha a gente vai guapeando, mas e  lá no povo, onde não tem uma sanga pro vivente pescar, um banhadinho para caçar a pereá? Causo sério, não é Xuxa?”
   A égua, que sempre gostou de ouvir seu nome deu uma rinchada quase inaudível, concordou com o dono e prosseguiu sua quebra de milho, contente com a perspectiva de sair campo a fora, muito além dos estreitos limites do piquete.
   E o rádio dê-lhe fala sobre Covid, vírus, quem está certo, quem está errado, se está certo derrubar Mandetta, o ministro, se não está, e assim por diante, parecendo engrolação de missa de padre gordo, sempre prolongando o beber dum vinhozinho.
   - Não sei adonde que tô, que não dou um tiro na porquera desse rádio. Não acontece mais nada nesse mundão de Deus?
   E tirou ou chapéu, enquanto falava no Patrão de todas a estâncias.
   - Assim, nos de acordo com as falação, sete esticaram a canela com essa tal de Covide aqui no Rio Grande.  E quantos se finaro com outras doença? E as outras desgracera? Esses desgraçado, covarde, que batem nas mulher ou até matam? Pararam? Duvido.
   O Ventania concordou abanando o rabo.
   Pros lados do nascente começava um leve clarear avermelhado. O carijó cantou do alto duma laranjeira, pontualmente, para não perder autoridade com as galinhas.
   Por estas alturas o Deoclécio já finalizava a encilha. Estava largando a sobrecincha por sobre o pelegão vermelho, conferiu se o resto estava em ordem e foi tirando a égua da estrebaria. Levou-a para junto da tronqueira que ficava embaixo do cinamomo, defronte ao galpão-de-fogo, onde deixou-a cabresteada.
   Entrou de novo no galpão, atacou  um mexido de feijão preto com farinha de mandioca, dois ovos, pouca banha e um pedaço de pão caseiro que era uma prancha de grosso, rebatido por um café de chaleira.
   Enxaguou a boca com o próprio café, deu outra cuspida para longe e convocou o Ventania:
   - Se bamo. Algum vivente tem fazê pela vida. Se o campo pára, a cidade fica sem boia.

   Abriu a porteira, passaram os três, o Deoclécio botou o pé esquerdo no estribo, boleou a perna direita e, montado, rumou para a Invernada da Várzea assobiando o “Canto Alegretense”.

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Deoclécio avisa: "Não fica te fresqueando. Só sai do rancho em causo de muita percisão!"
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