O internauta colabora

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Alberto Pasqualini - O principal ideólogo do verdadeiro trabalhismo

   Nas andanças profissionais deste blogueiro, nesta semana, mais uma vez passamos pela terra de Alberto Pasqualini, Ivorá, pequeno munícípio da Quarta Colônia, região central do Rio Grande do Sul.
    
       

Ivorá em foto de fevereiro de 2020, feita por Vilsom Barbosa, da Albatroz Fotos
   Nascido em 1901, iniciou seus estudos  no Seminário São José, em São Leopoldo, onde destacou-se em latim e grego, tornando-se especialista respeitado nestas duas áreas. 
   

Como o ensino neste seminário não era reconhecido oficialmente, teve que repetir esta fase de preparo intelectual em Porto Alegre, onde custeou suas despesas dando aulas particulares de matemática a alunos de séries mais avançadas, demonstrando, desde cedo, sua grande inteligência e dedicação aos estudos.  Esta repetição de currículo escolar retardou um pouco sua formatura em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1929. Pela sua eloquência e preparo foi escolhido orador da turma.  
    Politicamente iniciou sua trajetória no Partido Libertador, partido pelo qual  foi eleito vereador em Porto Alegre e exerceu o cargo entre 1935 e 37. Em novembro deste ano o Estado Novo de Getúlio Vargas dissolveu os órgãos legislativos.
   Em 1944 foi nomeado Secretário do Interior e Justiça. Homem de formação democrática, acabou criando atritos com o Governo Federal e aliados no Estado do Rio Grande do Sul. Custou-lhe o cargo, entre outras medidas, a realização de um plebiscito em Caxias do Sul, para superar impasse entre os políticos locais, para escolher o novo prefeito, na época escolhido pelos caciques e sem participação direta do povo.
   Em 1946 tentou fundar a USB (União Socialista Brasileira), mas acabou convencendo-se que tal agramiação não tinha chances de abrangência nacional. Optou, então, pelo ingresso no PTB, Partido Trabalhista Brasileiro (fundado em 1945) e nada tendo a ver com o atual PTB, ressurgido durante a ditadura militar na década de 1970.
   Foi um dos destaques na elaboração do programa do PTB.
   Por esta sigla concorreu a governador do RS em 47 onde foi derrotado por Walter Jobim. Durante esta campanha, deixou bem clara sua posição, quanto às relações entre capital e trabalho:

   “Se, no Brasil, coletivizássemos os meios de produção, se passassem eles às mãos do Estado liqüidaríamos a economia. Como dizem os próprios comunistas, no Brasil não há nem condições objetivas ou materiais, nem subjetivas ou psicológicas para a instituição entre nós do regime socialista. Precisamente por sermos um país ainda em fase de pré-capitalização, pré-industrialização, precisamos da iniciativa privada, e de muita iniciativa privada. Estejam pois tranqüilos os nossos capitalistas, que terão ainda entre nós vida muito longa se souberem realmente compreender a verdadeira função do capital, isto é, se souberem fazer o uso devido dos meios de produção.”

   Assim, desde cedo ficou claro que o trabalhismo não era uma agremiação buscando implantar o comunismo no Brasil, como tanto querem muitos dos atuais políticos, jornalistas mal intencionados e radicais de extrema direita ou nem tão extrema ...
    Em 1948, Pasqualini escreveu Diretrizes Fundamentais do Trabalhismo Brasileiro.
   Dois anos depois o PTB gaúcho “com o fim de divulgar as idéias básicas do trabalhismo, a fim de que sejam estudadas e se tornem cada vez mais conhecidos os verdadeiros objetivos do trabalhismo, prevenindo e evitando desvirtuamentos e deturpações”, condensou e publicou as "Diretrizes".
   O esqueleto sobre o qual se apoia o Trabalhismo Histórico é, em grande parte, constituído pelas ideias deste grande gaúcho.
   Em 1950 elegeu-se senador pelo PTB, representando o RS.
   


   Pasqualini era considerado unanimemente como o mais importante teórico do trabalhismo brasileiro, sendo respeitado inclusive por seus adversários políticos, como Juarez Távora, líder do Partido Democrata Cristão (PDC), que a ele se referiu em suas memórias como “nobre e idealista doutrinador”.

Comenda "Ordem do Mérito do Trabalho" conferida após sua morte, como costuma ocorrer com os grandes idealistas que somente são valorizados tardiamente.
   Em 1956 foi vitimado por um derrame cerebral, ficando paralisado até sua morte em 3 de junho de 1960.
   Por ter sido um ardoroso defensor da criação da Petrobrás, a refinaria de Canoas - RS leva seu nome, homenagem a um dos grande políticos brasileiros, daqueles onde a política visava, realmente, o bem comum.