Os cartolas espertos e canelas de vidro mercenários continuam suas vidas.
Sem nenhum contratempo ou imprevisto.
Podem estar certos de que a conta
bancária de todos eles não emagreceu um centavo. Pelo contrário, estão
gordíssimas.
E nós os
brasileiros que realmente fazemos o país andar, aqui ficamos mourejando, suando
sangue para conquistar a merreca dum salário mínimo, nem isso ou pouco mais.
Não sequei a
“seleção”. Mas, confesso, não consegui torcer por ela.
Simplesmente
porque não me representa. Porque esta dita “seleção” pode representar meia
dúzia de interesseiros empresários, dirigentes, mídia tendenciosa e fantasista,
nunca a grande maioria dos brasileiros que suam suor e sangue conseguir o que
quase seja suficiente para alimentar sua família.
Já nos
famosos 7 a 1, tivemos o donzelos declarando que estavam envergonhados. Se
realmente tivessem vergonha do que fizeram, que devolvessem o que haviam
recebido imerecidamente.
Sempre torci
e torcerei por todo o brasileiro em qualquer esporte, inclusive o futebol,
desde que esse desportista tenha realmente se esforçado para bem representar o
país. Torci, por exemplo, por um Fittipaldi, por um Piquet, por um Senna, que,
embora praticando um esporte dito de elite, começaram por baixo, comendo o pão
que o diabo amassou, passando fome e frio por real amor à camiseta e ao
esporte. E assim tivemos atletas do vôlei, do basquete, do salto com vara, da
natação, que realmente deram tudo o que tinham para chegar no mais alto lugar
do pódio.
E que,
exceto os pilotos da F1, ganhavam infinitamente menos do que receberam os
“Cai-cai” e dengosos das duas últimas Copas.
Acho que a
grande parte do desporto está tomada por uma máfia, seja qual for a área. Da
FIFA não se precisa falar muito, pois todo o mundo sabe o que anda acontecendo.
Da FIA também não se pode dizer que seja um exemplo de seriedade. O que
realmente importa é realmente fazer rios de dinheiro.
E junto vem
a grande mídia, pegando o vácuo da falcatruagem.
Por que só a
Globo transmitiu a Copa? Por que só tivemos um certo pretencioso estragando as imagens,
muito bem feitas em boa parte, com sua narração tendenciosa, incompetente e,
muitas vezes equivocada?
Millôr dizia algo parecido com “O
futebol é o ópio do povo e narcotráfico da mídia”. Descrição de gênio,
verdadeira e precisa!
E como ter
entusiasmo por uma “seleção” e por seus torcedores a nos envergonhar
competentemente?
Como sentir
orgulho de brasileiros que vão a outras terras sujar a já não tão elevada
conceituação do país no exterior?
E não eram
“pobres vileiros” que foram mostrar o péssimo nível de educação e caráter de
nossa juventude. Foram os representantes das “elites”. Os filhinhos de papai
que estudaram em bons colégios, que conquistaram bons empregos, graças à
formação técnica privilegiada que os “vileiros” não tiveram oportunidade de
receber. Os “vileiros” ficaram aqui, levantando as quatro da madrugada para
chegar no emprego às sete da manhã. Esses ficaram produzindo, pagando impostos
e, indiretamente, os milhões que foram acabar nas contas dos “Cai-Cai”
europeus. Aliás, quantos voltaram ao Brasil após a derrota?
Eles não
estão nem aí para o sofrimento dos sinceros admiradores do verdadeiro futebol.
Para eles, ganhar ou não pouquíssimo importava. O deles estava e foi garantido.
Não sofri,
não amarguei desilusão, pois já esperava este resultado e acho que “Tite” e sua
“seleção” foram longe demais.
Quanto ao
gaúcho “Tite” tenho, respeitando opiniões em contrário, a convicção de que é
muito petulante, muito metido a filósofo do futebol, muito ansioso por mostrar
conhecimento e formação teórica. Mas faltando firmeza para não ceder a pressões
e “garrão e tutano” para tirar figurões que não corresponderam, como o Neymar.
Não, essa
“seleção” aí não corresponde à descrição de Nelson Rodrigues como a “Pátria de
chuteiras”. Porque o que Nelson quis dizer é que a seleção de futebol era
representante de todo um povo que tem garra, coragem e espírito de luta. E isso
a grande maioria dos brasileiros tem, apesar da ladroagem, da corrupção, da
tendenciosidade de nossos tribunais.
Até gostaria
de ver uma verdadeira “Pátria de chuteiras”. Como em 1962, que a de 58 não vi
ou não entendi por ser muito criança. Como em 1970, também. Acho, inclusive,
que todos os títulos que conquistamos foram ganhos porque os lutadores eram realmente soldados
armados com chuteiras e com um amor e lealdade a seu país, que vamos demorar
muito a reencontrar.
Não, não sou
secador nem perdi o amor a esta Terra. Não desprezo a verdadeira Seleção.
Apenas
espero que no futuro a dignidade, o caráter a vergonha resgatem o amor
escondido que todos temos por tudo que é nosso!
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