Senhores da Guerra
Os senhores da guerra decidiram que também são os senhores da vida e os arautos da morte!
Os senhores da guerra decidiram que a paz é um alvo a ser
abatido!
Os senhores da guerra decidiram que o sorriso meigo da
menina-mulher deve ser apagado da memória de todos os jovens na plenitude de
seu vigor físico, pois eles valem mais como anjos do ódio do que do amor!
Os senhores da guerra decidiram que conquistar a terra onde
gerações e mais gerações cultivaram o trigo para alimentar seus filhos é uma
estratégia de manutenção de poder, não um crime!
Os senhores da guerra, que se conhecem, se odeiam, já
desperdiçaram suas vidas carcomidos pelo vírus da ganância, decidiram enviar para a morte certa os que
recém despertam para a vida e para o amor!
Os senhores da guerra não querem mais crianças correndo nos
parques, nos campos, subindo em árvores, cantando e gritando apenas pela
alegria de estarem vivas!
Os senhores da guerra não querem que a humanidade veja o
amanhecer de um novo dia sem o troar dos canhões!
Os senhores da guerra não querem ouvir a sinfonia dos
pássaros cantando depois da chuva!
Os senhores da guerra querem ouvir o assobio mortífero dos
mísseis que vão despedaçar corpos, vidas, planos e esperanças!
Os senhores da guerra não querem nos céus o passeio lento
das nuvens, "esses cágados lentos" de Mário Quintana!
Os senhores da guerra não querem o choro dos recém-nascidos
alegrando os corações dos pais!
Os senhores da guerra não querem que amigos atravessem as
fronteiras e se abracem!
Os senhores da guerra não querem que a humanidade se ame, se
ajude, se proteja!
Os senhores da guerra querem mais território, mais riqueza,
mais produção, mais "podres poderes"!
O senhores da guerra, ah, os senhores da guerra: por que não
morrem todos?
E no enterro coletivo dos senhores da guerra a humanidade
cantaria, tocaria todo o tipo de instrumentos, dançaria e viveria um novo tempo,
onde os senhores da guerra já nasceriam
todos devida e necessariamente mortos!